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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Senhora Dos Afogados.

Senhora Dos Afogados.
Texto: Nelson Rodrigues.
Direção: Jorge Farjalla.
“Pudor têm todas as mulheres da família”
Os Drummond, uma família de três séculos, com mulheres que se gabam da fidelidade conjugal, choram a morte por afogamento de Clarinha, uma das filhas de D. Eduarda e Misael, ao mesmo tempo, prostitutas do cais do porto interrompem suas atividades para lamentar a impunidade do assassinato de uma das suas que morrera há dezenove anos. O assassino é Misael Drummond, pai de Dora, Clarinha e Moema: ele matara a ‘mulher da vida’, com quem tivera um caso, pois ela insistia em experimentar o leito conjugal antes da esposa, no dia do seu casamento.
Dona Eduarda, esposa de Misael, e Moema, única filha mulher que restara, além do irmão, Paulo, se digladiam em torno da questão do pudor e da honra da mulher, hostilizando-se devido a um ódio primordial. Moema, que gostaria de viver sozinha com o pai, urde um plano de forma a fazer com que a mãe o traia com o próprio noivo, um ex-marinheiro.
Ligações incestuosas, obsessões, pulsões arcaicas, conflitos entre o lógico e o irracional, todas as amarras foram rompidas, os personagens se movem num tempo verdadeiramente mítico, do inconsciente. Senhora dos Afogados é uma peça que se aproxima das tragédias gregas, em que os clãs familiares se entredevoram num inferno de culpas desmedidas.
Informações retiradas: Senhora Dos Afogados.
Ingressos:Tudus.com.br
Elenco: Alexia Dechamps, João vitti, Karen Junqueira, Rafael Vitti, Letícia Birkheuer, Nadia Bambirra, Jaqueline Farias, Du Machado.
...Não conseguia me desligar do menino Nelson e do mar de sua infância em Pernambuco, isso foi o ponto de partida para contar essa tragédia brasileira embebida de tantas referências da tragédia grega: amor e morte é o que move o ser humano. Esse mar, dessa infância e daquele menino, me sugeriria levar para Pernambuco, para renascer das profundezas de um mangue pantanoso em plena cidade do Recife, ou dos seus arredores...
...Os personagens nascem no mangue, sujos, como a família Drumond. O sagrado e o profano caminham lado a lado: de um lado a casa da família e do outro o cais do porto...
Jorge Farjalla
Impossível assistir Senhora dos Afogados  e permanecer impassível.  A peça é chocante, intensa e apresenta uma história forte, perturbadora e repleta de temas polêmicos (incesto, traição, paixões doentias, assassinato, loucura,)... todos os elementos do universo Rodriguiano. O espetáculo é impactante do inicio ao fim, vale muito a pena ver pelo texto, pelo elenco, pelo cenário e principalmente pelo  desfecho surpreendente. 
Teatro Porto Seguro.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Dorotéia.

DOROTÉIA
Releitura do clássico de Nelson Rodrigues
Direção e Encenação Jorge Farjalla
Direção Musical João Paulo Mendonça
Escrita em 1949, Dorotéia fecha o ciclo das obras do teatro desagradável de Nelson Rodrigues, intitulado pelo crítico Sábato Magaldi como “peças míticas” sendo a única farsa escrita pelo autor. O texto é uma ode à beleza da mulher onde a heroína, título da obra, segue em busca da destruição de sua própria beleza para se igualar a feiura de suas primas Dona Flávia, Maura e Carmelita.
Matriarca da família, Dona Flávia recebe Dorotéia, ex-prostituta que largou a profissão após a morte do filho e vai buscar abrigo na casa de suas primas, onde vivem também Maura e Carmelita, num espaço sem quartos e onde há 20 não entram homens. Três viúvas puritanas e feias que não dormem para não sonhar e, portanto, condenadas à desumanização e à negação do corpo, dos sentimentos e da sexualidade. Arrependida, Dorotéia procura abrigo na sua família e é, em alguns momentos, questionada por Dona Flávia, a prima mais velha, que, mesmo com sua raiva, implicância e orgulho, faz de tudo para removê-la da ideia, às vezes com uma nesga de afeto, de fragilidade e disfarçados gestos de acolhimento, mas contando que ela aceite as condições de viver naquela casa. 
Dorotéia, linda e amorosa, nega o destino e entrega-se aos prazeres sexuais. Este é seu crime, e por ele pagará com a vida do filho e buscando a sua remissão. Na história desta família de mulheres, o drama se inicia com o pecado da avó que amou um homem e casou-se com outro. É neste momento que recai sobre todas as gerações de mulheres da família a “maldição do amor”. Elas estão condenadas a ter um defeito de visão que as impede de ver qualquer homem, se casam com um marido invisível e sofrem da náusea nupcial – único sinal de contato que teriam em toda vida com o sexo masculino. Em troca de abrigo, Dorotéia aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.
O motivo central que organiza a peça é o dilaceramento do espírito humano e o delírio que se constitui através da fissura, das vontades. As personagens são “fissuradas” por algo que não podem ter: o sexo. A convivência entre prazer e pureza em que ao mesmo tempo são cortadas ao meio pela tensão daí decorrente, que termina por destruir as formas de vida, ou seja, a personagem central pecou e se arrependeu. Arrependeu? Nem tanto, pois sob a instigação de Dona Flávia, para concluir sua purificação pela feiura e pela doença incurável deve pecar novamente com Nepomuceno, o senhor das chagas. Dorotéia é uma mistura de sonho, pesadelo, desatino e destino irremediável. Por um momento paira a esperança de que a maldição não se cumprirá, mas ela é irreconhecível.
Elenco: Rosamaria Murtinho, Leticia Spiller, Alexia Dechamps, Anna Machado, Dida Camero, Jaqueline Farias, André Américo, Daniel Martins, Du Machado, Fernando Gajo, Pablo Vares e Rafael Kalil.
Informações da página oficial: Morente Forte.
 Teatro Cetip
Sexta e Sábado às 21h | Domingo às 19h
Duração: 90 minutos