Infiéis.
(Marco Antonio de La Parra).
Com direção de Débora Dubois, Infiéis trata do cruzamento entre as paixões eróticas e as paixões políticas. Dois casais formam os personagens da peça e coincidentemente o elenco é composto por atores que são casados na vida real, são eles Marcela Pignatari e José Trassi, Veridiana Toledo e Marcelo Galdino.
Felipe (personagem de Galdino) é um publicitário com sonho de ser poeta e que não vê espaço para exercer seu lado de esquerda em uma sociedade de consumo de um mundo neo liberal.
Ao reencontrar-se com Andreia (Veridiana Toledo) deixa vir à tona confusões e indecisões pois sente que pode recriar épocas revolucionárias, que o sexo e o amor são subversivos, que o matrimônio é uma instituição ditatorial e que merece uma nova oportunidade na vida. Convida Andreia, sem medir as consequências, a reviver uma paixão arrebatadora.
Daniela, sua mulher (personagem de Marcela Pignatari), se adaptou à vida de casada e defende o matrimônio como um lugar onde se renuncia a alguns sonhos, mas se consegue outros.
Carlos (José Trassi), é marido de Andreia, não conhece e nem conhecerá o amor verdadeiro. Se casou com Andreia atraído por seu jeito debochado, sua impulsividade e sensualidade. Quando se vê traído não vacilará em destruir Daniela. Ele sente que ela é sua parceira na penúria e que deve sofrer o quanto ele está sofrendo.
Andreia por sua vez se destruirá nesta aventura, um sonho a mais em sua vida.
A obra mescla história destes quatro simultaneamente frente ao adultério, um espetáculo em que jamais os personagens deixam de se olhar, sempre presentes em cena os amantes e os enganados.
Para Gustavo Kurlat, que traduziu a obra para esta montagem, talvez uma das questões mais fortes da atualidade seja a relação plena de tensões entre o público e o privado. E provavelmente o par "Relações amorosas - ação política" seja um elemento simbólico extremamente significativo dessa tensa relação.
“O que será mais revelador daquilo que somos como indivíduos? O posicionamento político, o que dizemos e fazemos com relação ao que é público, ou nossa maneira de nos relacionarmos com nossos afetos, o que dizemos e fazemos com relação ao outro - que é privado?”.
Nesse lugar está a dramaturgia de "Infiéis". No entrecruzamento sem pudores dessas paixões que envolvem nossas vidas. Daí sua atualidade renovada, e seu questionamento - sem juízo de valor - de como somos e o que fazemos pelo outro e pelos outros, e na busca pessoal daquilo que chamamos de "felicidade".
A diretora Debora Dubois vê na dramaturgia de Marco Antônio de La Parra muita semelhança com o mundo atual. “Com certeza o público irá se identificar - cada um à sua maneira - com alguma das formas de afeto que os personagens revelam nesse embate de corações e mentes que a peça propõe.” comenta a diretora.
A cenografia é assinada por Márcio Macena, os figurinos são de Marichilene Artizevskis e a iluminação de Guilherme Bonfanti.
Informações retiradas do site do Teatro Jaraguá.
José Trassi, Veridiana Toledo, Marcela Pignatari, Marcelo Galdino.
Teatro Jaraguá.